Já encontrei assim, cambaleando
pela rua.
Nem me viu, peguei pelo braço e
levei pro buteco mais tosco que encontrei...
Entre o tiozão aposentado que
mora no prédio em cima do bar e o catador de lata que calcula os ganhos do dia,
passa na tv engordurada os resultados dos jogos do brasileirão.
Antes fossem os resultados da
sena, do oscar ou qualquer outra merda do gênero. Pelo menos ninguém ficava
prestando atenção...
O tiozão bebendo drehier no
balcão fala alguma asneira sobre o jogador sei-lá-o-que do São Paulo.
Pronto!
Vai vira amigo de infância!
Te beijo só pra cala tua
boca.
Depois da caixa de cerveja
pendurada na conta do bar, vamos nos escorando pela rua mal iluminada, até o
terceiro andar do predinho do centro.
Será que você me carregou até
aqui? Acho que não, você nunca me aguentaria...
Ponho a cerveja no freezer, ligo
um som meio pau-mole só pra dançar agarradinho sem perturbar o clima...
Poderia te engolir por impulso,
assim meio sem querer, por isso me controlo, não quero te atacar rápido demais.
Você fala umas besteiras pra mim eu finjo que acredito, dou risada, faço a tímida...
Sem sucesso...
Tomamos mais umas, dançamos
outras... e depois da terceira do Otis eu já to tão molhada...
No caminho pro quarto largo as
roupas, as garrafas e o pudor que já nem tinha.
Posso ficar te chupando com você
fitando minha bunda pelo espelho pra sempre. Só pra ver essa sua cara de
panaca...
Você me aperta e me fode como se
nunca precisasse gozar. Mas a gente goza.
Agora tá quente pra caralho
dentro desse quarto, o ventilador barulhento só faz jogar um jato de ar morno
nos dois pelados na cama.
Foda-se... tá bom assim, dormiria
aqui a noite inteira.
Daí toca a merda do despertador,
é noite ainda, minha cabeça tá explodindo...
Pronto! Pegar o maldito busão
lotado e ir trabalhar... vida de merda!
Nem vo te acorda, te deixo aí
dormindo nesses lençóis branquinhos e vou me jogar na rua...
Pena que você não vai estar aqui
quando eu voltar....